quarta-feira, 29 de julho de 2009

Cotas para Afrodescendentes nas universidades

Por Bile Zampaulo direto da Capital Federal

Ao invés de discutir num contexto nacional prefiro delimitar essa questão tão polêmica para nossa Capivari; cidade onde a presença afro se faz visível, na alegria do carnaval e na tradição do batuque de umbigada, mas onde muitos ainda têm, às vezes em doses exageradas, o preconceito racial.


Sei que muitos são contra as cotas, chamadas raciais, mas que na verdade são cotas sóciorraciais, pois leva em conta também o padrão econômico dos estudantes, e quando falamos em classe social já podemos pinçar a principal motivação para a criação do sistema de cotas, pois “coincidentemente” a maioria dos pobres de Capivari são afrodescendentes e tal fato se explica por acontecimentos históricos que remontam ao “final forçado” da escravidão no Brasil, sem nenhuma relação com a “Santa Isabel”.


Para ilustrar: - Fui professor do Anglo por treze anos e do Padre Fabiano por um ano, no colégio particular nesse longo período lembro-me de apenas dois alunos afrodescendentes, já no Fabiano posso afirmar que são mais de 50 %. E daí emerge a pergunta óbvia: - Por que isso acontece? É natural? Eles são menos capazes? Menos interessados? Não!!! Eles são herança da escravidão no Brasil, herança das Capitanias Hereditárias que eu nunca consegui decorar; e não me digam que vocês não têm culpa disso, que nunca tiveram escravos, pois o Brasil teve, e a dívida nós, todos nós herdamos.


Numa cidade e num país, onde seguramente, ao menos metade da população é originária da Mama África, e onde eles estão pouco presente nos centros de poder, de educação, da economia é obrigação de um governo verdadeiramente popular e democrático olhar de forma especial para essa parcela tão sofrida de nosso Brasil.


Sou a favor das cotas raciais nas universidades, a favor do Bolsa Família, a favor do Programa de Cisternas para o Semi Árido, a favor do povo brasileiro e capivariano. E entendo por povo, a maioria, os que movem a engrenagem, os que dão ritmo à escola de samba, os nossos companheiros.

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